Dados da Obra:
Nome: A Essência do Mal
Autor: Luca D'Andrea
Editora: Intrínseca
Páginas: 368
Tradução: Paulo Henrique Pappen e Karine Simoni
"Um lugar amaldiçoado. Um caso abandonado. Um Assassino que não deixa rastros. Jeremiah Salinger ganha a vida fazendo documentários, até que se muda com a família para uma região remota da Itália. Lá, após um acidente com helicóptero em que está fazendo uma filmagem, passa a ser atormentado pela ideia de que existia nas montanhas ao redor uma força que não consegue entender e que chama A Besta. Anos depois, em um passeio com a filha no Bletterbach - um desfiladeiro com toneladas de fósseis -,Jeremiah escuta uma conversa que lhe dá um novo foco na vida. Em 1985, três jovens foram mortos ali, e seus corpos desmembrados por um assassino que nunca foi descoberto. Para solucionar o mistério, que marcou uma cidade inteira por décadas, Jeremiah mergulha em um quebra-cabeça macabro e fascinante."
Sabe aqueles livros que a gente espera muito e não entrega nada? Pois é, foi a minha relação com este livro. Assim que via sua capa nos lançamentos da Intrínseca fiquei muito instigada a adquiri-lo, porque na minha ideia muito doida e na chamadinha da quarta capa - não sei como ainda acredito nesses merchans - estava escrito que era facilmente comparável a Stephen King. Vejam bem, Stephen King não né infalível, mas essa capa junto com essa premissa me fizeram cair bonito na ideia de que leria algo voltado para o suspense com toques sobrenaturais ou coisa do tipo. No mínimo, uma história com boas construções de personagens, situações e diálogos... ai, ai.
A Essência do Mal entra naquele gênero investigativo que prometi a mim mesma parar de gastar dinheiro, afinal são tantas fórmulas e arquétipos de personagens manjados, que eu não vejo como isto poderia adicionar a minha vida de leitora. Sua premissa ficaria muito boa em um filme onde a gente senta duas horas para acompanhar e pronto, nada demais.
O personagem principal é um porre. Sério. Cara chato e frouxo. Acho que li sobre ele tendo ânsias de vômito por qualquer coisa, pelo menos umas cinco vezes. Tédio. O pior de tudo é que acompanhamos em primeira pessoa, então é isso, vai lá acompanhar o que esse tedioso pensa e faz por quase 400 páginas. Sua motivação para investigar os crimes não são nenhum pouco compráveis. Nem o trauma dele, que não parece intenso como autor tenta descrever, nem nada. Thriller psicológico? Gustavo Ávila e seu poderosíssimo O Sorriso da Hiena dizem "olá". No livro, as pessoas sentem raiva desse tal Salinger constantemente... e eu também! Falta de empatia com o protagonista do qual deveríamos simpatizar? Algo errado aí.
A trama principal, apesar de interessante, se desenrola de um modo a deixar o leitor cansado. Não há suspense em nenhum momento e nem sensação de perigo. É só esse cara bisbilhotando a vida de todo mundo sem razão aparente. O desfecho não me impressionou, até desconfiava de algo mais ou menos assim, e o pequeno plot twist dúbio das últimas páginas nem me empolgaram. Só queria acabar logo.
Mas ainda há pontos positivos para a história. Alguns personagens, tipo a menina Clara, são muito vivos na leitura e isso acaba se tornando gostoso de acompanhar. A região que o autor escolheu para narrar, e que existe mesmo, dá todo aquele clima intimista de frio e montanhas. Gostei dessa ambientação.
Sobre a edição, ela é muito caprichada. Praticamente não encontrei erro de revisão, a diagramação é ótima para ler e o papel, se não me engano pólen, é daqueles que faz o conflito e-book ou livro físico perdurar. A capa é muito bonita (e um dos motivos que me levaram a comprar. Julguei o livro pela capa e julguei mal, rá) e ficará ótima na sua estante.
Com tudo dito, quem sou eu para dizer que você não deve ler ou comprar este livro? Opinião é aquela coisa né, e além do mais, eu já li muito desse tipo de história e confesso estar saturada do gênero. Repito, só comprei porque achei que era outra coisa, daí aquele negócio do monstro da expectativa.
Essência do Mal é um thriller psicológico raso e com uma trama para lá de batida dentro da temática. O protagonista não será capaz de ganhar sua empatia, mas alguns secundários compensarão. A narrativa é linear e nunca alcança um ápice, embora o autor tente com todas as suas forças nas últimas páginas. Não chega a ser um livro horrível, mas é bom esperar uma boa promoção para conferi-lo.
Nota 2/5
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