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Resenha: Sr. e Sra. Smith, de Cathy East Dubowski

Há um buraco entre nós, um buraco que vai sendo preenchido com tudo aquilo que deixamos de dizer um ao outro.
O livro Sr. e Sr. Smith foi escrito tendo como base o filme homônimo de 2005, dirigido por Doug Liman e com roteiro de Simon Kinberg, que ficou famoso, em grande parte, devido as atuações de Brad Pitt e Angelina Jolie. A versão literária da história foi escrita, ainda no mesmo ano, por Cathy East Dubowski.

John e Jane Smith são o típico casal americano de classe média do século XX. Enquanto John trabalha como engenheiro civil, Jane se desdobra entre sua carreira no ramo de sistemas de informática e os afazeres domésticos em sua linda casa num bairro familiar.

Mas é aí que está o grande X da questão. Nada disto é verdade, ou pelo menos, a parte que realmente importa. Eles não são um casal normal. A verdade está bem distante disso e isto que descobrimos quando após cinco (ou seria seis?) anos de casados eles vão ao psicologo de casais.

Logo, o psicologo, Dr. Wexler passa para eles um interessante ‘dever de casa’. Eles devem escrever sobre seus sentimentos com relação um ao outro. E são os textos produzidos por ambos que nos revelam o mistério por trás destas pessoas aparentemente tão comuns.

Numa sucessão de narrativas que variam constantemente entre John e Jane, seguindo uma ordem cronológica que se inicia com o primeiro encontro começamos a desvendar suas vidas, partindo de uma história de amor a primeira vista até o segredo que eles escondem. John e Jane são assassinos, os melhores do ramo. E mais, nenhum sabe sobre a vida dupla do outro.

Como confusão pouca é bobagem, tudo se complica ainda mais quando ambos são enviados para a mesma missão e descobrem isto. Agora eles tem vinte e quatro horas para matar um ao outro ou entrar para a lista negra das agencias para as quais trabalham, o que significa morte.

A partir dai se inicia um jogo de gato e rato, com ação constante entre eles, que se dividem entre o orgulho e dever de assassinos e os sentimentos que nutrem um pelo outro.

Um destaque é que Cathy traz cenas de luta muito bem narradas, com ótimas pitadas de humor, que deixam inevitável o desejo de rir em meio a pancadaria e ainda mostra com sutileza que o amor – assim como a sensualidade – está presente em praticamente todos os momentos, mesmo quando eles estão tentando se matar.
Não – John sinalizou. Lá. Perigo. Calar. Boca. Ouvir. Eu. Uma. Vez. Olhei para ele com cara de poucos amigos. E ele olhou pra mim do mesmíssimo jeito. Não. Você. Calar. Seguir. Eu. Vá te foder! – Esse sinal provavelmente não estava incluído no manual da Marinha, mas John certamente entendeu o recado.
É o tipo de narrativa que faz você ler rapidinho e estar sempre ansioso pelo momento seguinte. Cathy ainda aproveitou o fato de se inspirar no filme para usar joguetes do tipo ‘pareciam atores do cinema’, ou ainda, ‘ele não era Bradd Pitt’, que caem bem na narrativa sem soar forçados.

Sr. e Sr. Smith não exige muito do leitor ou tem linguagem rebuscada, e é, sem dúvidas, um ótimo livro pra se entreter, dando boas risadas, imaginando os momentos de ação, ou apenas se encantando com o casal.

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Rayanne Costa
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