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Resenha: Eu sou o mensageiro

Foi isso que escolhi fazer. Mas é isso que você quer?, pergunto. Por alguns quilômetros, minto pra mim mesmo, dizendo, é isso que eu quero. Tento me convencer que é exatamente isso que eu quero da vida, mas sei que não é.
Oi gente! Hoje vou trazer para vocês a minha visão sobre um dos melhores livros que li em minha curta vida. Confesso que fazia um bom tempo que havia comprado este livro, Eu sou o mensageiro, depois que a Anne (aqui do site) muito me indicou. Fui demorada também em iniciar a leitura, porque não me interessei o suficiente logo de início.

Quando me vi sem opção de leitura, resolvi pegá-lo. As primeiras páginas foram complicadas para mim. Havia terminado uma série e estava com aquela sensação de “eu quero mais” e demorei um pouco até me concentrar o suficiente para entender a proposta do livro, por isso, interrompi a leitura e reiniciei. Me envolvi de imediato.

Levo em consideração sempre que começo uma leitura, a pessoa que descreve o livro e, realmente, não tenho muito interesse em narrativas em primeira pessoa porque acho um tanto que limitado, mas a deste livro, em particular, me surpreendeu.

Já inicia que o Zusak é completamente simples em toda a narrativa. O jeito como ele descreve cada uma das cenas nos dá, realmente, a sensação de estarmos participando do que acontece ao passar de cada página.

Seguindo o curso, não há como não se apaixonar pelo Ed Kennedy, um cara como cada um de nós pelo menos eu me identifiquei com ele, um taxista que não gosta muito do que faz, que passa por problemas com a família, que tem amigos loucos, que é um patético jogador de cartas e um completo desastre no amor que convive em um mundo fora de sentido e que não tem ou não pode fazer nada para melhorar. Pelo menos, era o que o Ed, e eu, pensávamos.

No decorrer da história, o Ed participa de um assalto, não como assaltante, mas como a vítima de tal, acompanhado de seus melhores amigos, Ritchie, o amigo sempre tranquilo e descansado, Marv, que trabalha demais e não gasta nenhum centavo e Audrey, a amiga taxista por quem ele mantêm um amor secreto não tão secreto, perceptível logo nas primeiras páginas.

A partir daí as coisas para o Ed, e para qualquer leitor que esteja realmente envolvido na leitura, começam a melhorar, ou piorar, dependendo do ponto de vista. Ed recebe uma sequência de Ases, as cartas de baralho, com incógnitas as quais ele precisará descobrir do que se tratam e como solucioná-las.
A primeira carta que Ed recebe é o Ás de Ouros, e no meu ponto de vista, a mais complicada de ser solucionada, já que ele nem sabia ao certo o que o esperava, o que deveria fazer e porquê.

Neste momento viajamos com o Ed em três situações completamente distintas, onde cada uma ensinará uma lição diferente e especial ao nosso protagonista, e a cada um dos leitores que o acompanham nessa grande luta.

O bom é que o Ed consegue solucioná-los, por piores que sejam, e a alegria de saber que ele contribuiu positivamente para cada um desses endereços me deixou realmente feliz. Parecia que eu havia realizado cada uma daquelas situações junto com ele.
Um momento de paz me envolve e puxo o gatilho. O barulho arde no meu ouvido e, igualzinho ao dia do assalto no banco, a arma agora parece quente e macia na minha mão.
A segunda carta, o Ás de Paus, é um pouco complicada, mas não necessariamente difícil. O problema é entendermos o que ela quer dizer, e o Ed não demora muito a nos revelar o quê.

Depois de algumas páginas pensando muito com o Ed, em companhia de Porteiro, o cachorro do Ed que eu adorei, ele descobre o segredo da mensagem da segunda carta.

Depois disso as coisas ficam mais fáceis, ou relativamente fáceis, e viajamos com o Ed em mais uma empreitada na busca pela melhora de mais alguns endereços com a entrega de mais algumas mensagens.

O problema é que ele sofre, e como sofre esse pobre Ed.
Quero pegar este mundo, e pela primeira vez tenho a sensação de que posso fazer isso.
A terceira carta, o Ás de Espadas, a meu ver, é a mais tensa. Nela o Ed passa por algumas situações realmente complicadas e algumas descobertas, um tanto que, dolorosas.

Claro que há momentos realmente gratificantes, e é possível vivenciar cada um deles de forma simples e intensa. O Ed transfere toda a sua emoção para o leitor.

Mas voltando ao negativo, acho que a maior dificuldade aqui é perceber o quanto sua vida parece sem sentido e como você não tem realmente um foco diante do seu futuro. A compreensão de que nada que você faça é realmente significativo e a avaliação interna do que tem feito para melhorar o que você é são os pontos chaves aqui.
Às vezes as pessoas são bonitas. Não pela aparência física. Nem pelo que dizem.Só pelo que são.
Essa é, de longe, minha carta preferida. O Ás de Copas. E o Ed, e cada um de nós, leitores viventes, sentimos o peso de cada uma das mensagens que serão entregues aqui, neste último momento.

Admito que logo que ele recebeu a carta, apenas pelas palavras escritas, eu já sabia de que se tratava, embora não imaginasse que as mensagens entregues fossem ser tão interessantes, reveladoras e envolventes, de alguma maneira.

A esta altura o Ed já está habituado aos segredos das cartas e solucioná-las se torna mais simples, algo mais leve, talvez, mais fácil. Neste ponto, as mensagens são entregues, e o trabalho de Ed finalizado.

Eu queria ficar na varanda com ele até o sol brilhar sobre nós dois. Mas não fiquei. Eu me levantei e desci as escadas. Prefiro correr atrás do sol a esperar que ele venha incidir sobre mim.
Mas será realmente que o trabalho de mensageiro do Ed finaliza aqui? Posso apenas dizer que as surpresas não acabam quando se completa a quadra de Ases e que ainda tem mais algumas surpresas ao decorrer do livro, que a esta altura, está quase no fim.

O interessante é que o final não é aquele metódico e previsível. Posso dizer, sem liberar tantos spoilers, que a vida do Ed nunca mais será a mesma e que, se você se envolveu com as mensagens que ele teve de entregar, a sua também vai mudar.

Posso dizer de boca cheia que este foi um dos melhores livros que já li. O que dizer dele? Nem eu mesma sei. Apenas que a lição de vida que se passa em cada uma dessas páginas é a melhor que eu poderia ter tido (ao menos mexeu bastante comigo).

É uma ficção? Sim. Mas uma ficção que mexe com qualquer leitor atento e apto às mudanças que ele pode te motivar a ter e por isto, indico a todos, completamente certa de que gostarão, e fico imaginando o que aconteceria se cada um de nós, a começar por mim, parássemos um tempo e deixássemos nossos próprios problemas de lado para enxergar nosso próximo, o problema dele, e tentássemos ajudar.

Às vezes basta apenas um sorriso, um abraço, uma caixa vazia, um passeio em um parque ou mesmo um sorvete. São coisas tão pequenas, mas capazes de mudar profundamente a vida de quem as recebe, e, principalmente, a vida de quem as entrega.

Então, deste livro levo uma grande lição: Viva a sua vida. Mude sua vida. Aproveite os pequenos e mais insignificantes momentos que a vida lhe permitir viver. Levante sua bunda de onde quer que esteja e viva, simples e intensamente. Viva!

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Título: Eu sou o mensageiro 
Autor: Markus Zusak
Tradutor: Antônio E. de Moura Filho
Editora: Intrínseca
Ano: 2007
Páginas: 320
Nota: 4,5/5
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